"Como é que está a maré?"
Eram as palavras mais ouvidas por alturas dos famosos jogos da praia.
Quem não recorda com saudade os fabulosos jogos de futebol na Costa da Caparica, onde ao sabor da hora da maré, se marcou uma época de ouro na história do Núcleo.
À falta de campos onde jogar, (espaços havia poucos, e dinheiro para pagar ainda menos) começámos a experimentar o imenso areal da Costa da Caparica, mais precisamente as areias da praia do CDS, Marcelino e ocasionalmente da praia de S. João.
Para os mais esquecidos, tudo começou num dia em que fomos jogar futebol na praia, e o José Fonseca parou na berma da estrada para roubar uns pinos sinalizadores com o objectivo de fazer postes de balizas.
Daí até à perfeição foi um pequeno passo para nós, mas um grande passo para os seguidores do futebol de praia.
Os pinos sinalizadores, ou os paus de madeira espalhados pela praia já não nos chegavam, e os ideólogos lá tiveram a brilhante ideia de fazer balizas em PVC. Recorco que o Abilio e o Zé Fonseca tinham um papelito com as medidas, que andava de mão em mão até serem ouvidos todos os "especialistas" para se decidir o tamanho correcto.
Escolhidas as medidas, feitos os projectos, lá se compraram alguns bocados do material. Mas claro que fazer uma epopeia destas e não arranjar nada de borla, nem parecia nosso, e vai de ir às obras do Pavilhão do Queluz arranjar mais uns tubos (neste caso inteiros, para aí com cinco metros cada).
E deu cá um jeito andar a correr pelas ruas de Queluz com isto ás costas…
Os projectos das balizas tinham sido um sucesso, e foi até com uma corrida entre as equipas que se ergueram pela primeira vez em pleno areal da praia do Marcelino.
Uma delas tinha cá uma marreca…
Balizas já tínhamos, e nesse ano, a coisa era levada a sério. O comprimento do campo devia ter cerca de 60 metros (?) e a largura era até onde o Meg quisesse, pois tinha uma tendência para procurar os espaços vazios...
Lembro-me que me cabiam 2 postes, para guardar e transportar para os jogos. Durante a semana guardava-os religiosamente na varanda da cozinha, e punha os cabelos em pé à minha mãe, pelo mau jeito que davam. (Deitei-os fora quando me casei e mudei de casa.)
Estudávamos ao pormenor o Correio da Manhã para ver a hora da baixa-mar e depois com as contas ao minuto, lá se combinava a hora da concentração à porta do Bola D’Ouro.
Não foram raras as vezes em que á hora marcada era ainda noite cerrada, mal se distinguindo quem lá estava (tenho uma imagem do Jaime sentado à porta da florista que há-de ficar para sempre) e a chegada à praia coincidia com o sol a nascer.
Era um espectáculo!!!
Como dizia á pouco, cabiam-me dois postes, como à maioria do pessoal (havia uns privilegiados que não os guardavam) e o transporte para o local do crime não era fácil.
Nas viagens para a margem sul eram utilizadas as viaturas do pessoal (os relógios suíços) para levar material e jogadores. A viagem era feita com os vidros abertos, fizesse chuva ou sol, porque os postes não cabiam dentro do carro!!
Mas com estes “problemas” todos, ainda assim lá estávamos nós de quinze em quinze dias, assim a maré permitisse ter um campo impecavelmente liso (nesta altura, o futebol de praia em areias soltas era ainda uma miragem) para os artistas explanarem o futebol que sabiam.
Grandes estrelas nasceram nestes clássicos, tácticas perfeitas eram colocadas em prática jogo após jogo, e o entendimento entre os jogadores era cada vez maior, roçando por vezes a perfeição.
Também algumas mazelas nos atletas começaram aqui a criar raízes, ficando para a história e gravada em video, a lesão que deu origem ao primeiro caso clínico do Núcleo - o Nuno Bento.
Os jogos eram normalmente 7X7 e após a jogatana, quando não havia corajosos para um banhito, lá se bebiam umas “bejecas” no bar, para fazer tempo para o almoço.
Recorremos com frequência aos famosos Benfica-Sporting, que muitas vezes acabavam mal. “Devia ser do cansaço…”
Ficou na memória de todos um marcante derby, em que o Meg fez o 1-0 para o Sporting a meio da primeira parte, e depois de um resto de jogo submetidos a enorme pressão e acantonados na sua área, os pupilos Leoninos, resistiram meritoriamente aos sucessivos ataques dos encarnados, e já com os ânimos exaltados, seguraram o 1-0 final, ficando este jogo como a principal referencia dos futebois na praia.
Foram estas e outras memórias, muitas delas registadas em filme, o resultado de 2 ou 3 anos em que nos deslumbrámos com correrias e futeboladas nos areais da Caparica.
“Registámos a patente”, pois em anos seguintes a moda pegou e as balizas e jogos eram imensos.
A nossa chama de futebolistas de praia foi-se apagando e dando lugar aos jogos de futebol salão.
Foi uma época de ouro, que cimentou a riqueza do espírito do NAB.
Merece ser revivida! Fica para um destes dias…
Até breve
Quem não recorda com saudade os fabulosos jogos de futebol na Costa da Caparica, onde ao sabor da hora da maré, se marcou uma época de ouro na história do Núcleo.
À falta de campos onde jogar, (espaços havia poucos, e dinheiro para pagar ainda menos) começámos a experimentar o imenso areal da Costa da Caparica, mais precisamente as areias da praia do CDS, Marcelino e ocasionalmente da praia de S. João.
Para os mais esquecidos, tudo começou num dia em que fomos jogar futebol na praia, e o José Fonseca parou na berma da estrada para roubar uns pinos sinalizadores com o objectivo de fazer postes de balizas.
Daí até à perfeição foi um pequeno passo para nós, mas um grande passo para os seguidores do futebol de praia.
Os pinos sinalizadores, ou os paus de madeira espalhados pela praia já não nos chegavam, e os ideólogos lá tiveram a brilhante ideia de fazer balizas em PVC. Recorco que o Abilio e o Zé Fonseca tinham um papelito com as medidas, que andava de mão em mão até serem ouvidos todos os "especialistas" para se decidir o tamanho correcto.
Escolhidas as medidas, feitos os projectos, lá se compraram alguns bocados do material. Mas claro que fazer uma epopeia destas e não arranjar nada de borla, nem parecia nosso, e vai de ir às obras do Pavilhão do Queluz arranjar mais uns tubos (neste caso inteiros, para aí com cinco metros cada).
E deu cá um jeito andar a correr pelas ruas de Queluz com isto ás costas…
Os projectos das balizas tinham sido um sucesso, e foi até com uma corrida entre as equipas que se ergueram pela primeira vez em pleno areal da praia do Marcelino.
Uma delas tinha cá uma marreca…
Balizas já tínhamos, e nesse ano, a coisa era levada a sério. O comprimento do campo devia ter cerca de 60 metros (?) e a largura era até onde o Meg quisesse, pois tinha uma tendência para procurar os espaços vazios...
Lembro-me que me cabiam 2 postes, para guardar e transportar para os jogos. Durante a semana guardava-os religiosamente na varanda da cozinha, e punha os cabelos em pé à minha mãe, pelo mau jeito que davam. (Deitei-os fora quando me casei e mudei de casa.)
Estudávamos ao pormenor o Correio da Manhã para ver a hora da baixa-mar e depois com as contas ao minuto, lá se combinava a hora da concentração à porta do Bola D’Ouro.
Não foram raras as vezes em que á hora marcada era ainda noite cerrada, mal se distinguindo quem lá estava (tenho uma imagem do Jaime sentado à porta da florista que há-de ficar para sempre) e a chegada à praia coincidia com o sol a nascer.
Era um espectáculo!!!
Como dizia á pouco, cabiam-me dois postes, como à maioria do pessoal (havia uns privilegiados que não os guardavam) e o transporte para o local do crime não era fácil.
Nas viagens para a margem sul eram utilizadas as viaturas do pessoal (os relógios suíços) para levar material e jogadores. A viagem era feita com os vidros abertos, fizesse chuva ou sol, porque os postes não cabiam dentro do carro!!
Mas com estes “problemas” todos, ainda assim lá estávamos nós de quinze em quinze dias, assim a maré permitisse ter um campo impecavelmente liso (nesta altura, o futebol de praia em areias soltas era ainda uma miragem) para os artistas explanarem o futebol que sabiam.
Grandes estrelas nasceram nestes clássicos, tácticas perfeitas eram colocadas em prática jogo após jogo, e o entendimento entre os jogadores era cada vez maior, roçando por vezes a perfeição.
Também algumas mazelas nos atletas começaram aqui a criar raízes, ficando para a história e gravada em video, a lesão que deu origem ao primeiro caso clínico do Núcleo - o Nuno Bento.
Os jogos eram normalmente 7X7 e após a jogatana, quando não havia corajosos para um banhito, lá se bebiam umas “bejecas” no bar, para fazer tempo para o almoço.
Recorremos com frequência aos famosos Benfica-Sporting, que muitas vezes acabavam mal. “Devia ser do cansaço…”
Ficou na memória de todos um marcante derby, em que o Meg fez o 1-0 para o Sporting a meio da primeira parte, e depois de um resto de jogo submetidos a enorme pressão e acantonados na sua área, os pupilos Leoninos, resistiram meritoriamente aos sucessivos ataques dos encarnados, e já com os ânimos exaltados, seguraram o 1-0 final, ficando este jogo como a principal referencia dos futebois na praia.
Foram estas e outras memórias, muitas delas registadas em filme, o resultado de 2 ou 3 anos em que nos deslumbrámos com correrias e futeboladas nos areais da Caparica.
“Registámos a patente”, pois em anos seguintes a moda pegou e as balizas e jogos eram imensos.
A nossa chama de futebolistas de praia foi-se apagando e dando lugar aos jogos de futebol salão.
Foi uma época de ouro, que cimentou a riqueza do espírito do NAB.
Merece ser revivida! Fica para um destes dias…
Até breve